VOCÊ ESTÁ AVALIANDO CORRETAMENTE?
Irei abordar neste artigo o tema Avaliação dos Certificados/Relatórios de Calibração, Análises e Ensaios.
A ISO 17025 relata claramente o que deve constar nestes documentos e é a norma adotada pelo INMETRO para auditar laboratórios prestadores de serviços.
Você realiza calibrações, análises ou ensaios internamente?
Então, você precisa dominar a ISO 17025 para estruturar adequadamente esta atividade no seu laboratório.
Terceiriza a calibração?
Caso você utilize serviços externos sugiro que contrate um laboratório acreditado pelo INMETRO, pois a probabilidade de teres problemas com as informações que constam no certificado são mínimas, mas claro, podem ocorrer falhas e por este motivo é sempre bom você ficar atento e revisar ao receber os certificados/relatórios.
O problema de utilizar laboratórios somente rastreados ao INMETRO é que nenhum organismo reconhecido avaliou a competência deste provedor para emitir tais documentos, gerando sérios problemas quanto a falta de dados importantes ou a inconsistência de informações, principalmente no que se refere a incerteza de medição.
O conteúdo do certificado estar normalizado é de extrema importância, mas como você irá avaliar estes certificados?
Qual será o seu critério de aceitação?
O primeiro passo é identificar os intervalos de tolerância do processo, é neste ponto que muitas vezes o metrologista ao ver as características do instrumento vê que herdou um problema, devido a “alguém” por “algum” motivo ter comprado errado o instrumento, pois suas características de resolução e/ou capacidade não condizem com os limites de processo.
As tolerâncias em boa parte dos casos, estão bem claras em desenhos e instruções de trabalho, mas muitas vezes estão apenas na cabeça de quem domina o processo.
Tendo os intervalos de tolerância e o certificado de calibração, é necessário extrair as informações do documento para atestar que o instrumento está ou não adequado ao uso pretendido.
A grande maioria das empresas usa a seguinte equação/critério:
Emáx + IM ≤ IT/3
Nesta equação acima são considerados apenas o erro e a incerteza na calibração do instrumento, comparando-se após com o IT do processo dividido por um fator de segurança que normalmente é adotado como 3.
Sabemos que existem outras variáveis que impactam na qualidade da calibração, análise ou ensaio, tais como a resolução, erro de forma, excentricidade, linearidade, robustez, repetibilidade, reprodutibilidade, variações térmicas, entre muitas outras coisas.
Enfim, são tantas fontes de incerteza que precisariam ser consideradas, que a maior parte dos metrologistas preferem simplificar.
Com o advento da indústria 4.0 e a maior disponibilidade de softwares e sistemas de controle, tenho esperança que este panorama mude, pois será mais fácil de calcular as incertezas e variações em tempo real, fazendo com que a incerteza expandida seja possível de ser considerada.
Um desejo meu seria que as empresas adotassem a ISO 14253 e descontassem as incertezas das tolerâncias de processos, minimizando drasticamente os índices de perdas e retrabalhos, bem como as disputas entre as partes, quanto à conformidade ou a não conformidade das peças.
ISO 14253 – Parte 1
Outro problema na análise dos certificados, é que boa parte dos metrologistas extraem da tabela de resultados o maior erro e a maior incerteza e isto é completamente equivocado, pois deve-se considerar no cálculo a maior soma de erro e incerteza (em linha).
Vide exemplo:
Na tabela acima o correto é considerar:
Emáx = 0,6mm
IM = 0,2mm
Nos nossos treinamentos percebo que muitos metrologistas consideram de forma equivocada o maior erro e a maior incerteza independente do ponto (Emáx = 0,6mm e IM = 0,5mm), gerando avaliações incorretas e inconsistentes.
A minha dica final é que você e a sua equipe revisem se os conteúdos dos certificados e relatórios estão conforme a ISO 17025 e que sejam utilizados critérios de aceitação coerentes e que considerem a criticidade do processo.
Você pode deixar aqui os seus comentários e sugestões sobre este tema.
Forte abraço!